quarta-feira, 29 de abril de 2009

CRIMES EXEMPLARES: RICARDO MAGALHÃES


Bio:
RICARDO MAGALHÃES
designer /


"MATEI-A PORQUE TINHA A CERTEZA DE QUE NINGUÉM ME ESTAVA A VER."
Max Aub "crimes exemplares"



CRIMES EXEMPLARES from CRIMEBOXproject on Vimeo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

"Crimes Exemplares" Já Interpretados neste Projecto

""ERRATA"

Onde se lê:
Matei-a porque me pertencia
Deve ler-se:
Matei-a porque não me pertencia.."

" Matei-a porque tinha a certeza de que ninguém me estava a ver!"
Ricardo Magalhães


" Nunca vos apeteceu assassinar um cauteleiro, quando eles começam a chatera e não largam, a suplicar?
Eu Fi-lo em nome de todos nós"


" Antes Morta! - disse Ela.
E a única coisa que eu queria era fazer-lhe a vontade!"

"Ela falava, e falava, e falava, e falava. Falava pelos cotovelos. E continuava a falar. Eu sou a dona da casa. Mas aquela empregada gorda só sabia era falar, falar, falar. Onde quer que eu estivesse, lá vinha ela e começava a falar. De tudo e de nada, disto e daquilo, para ela tanto fazia. Despedi-la por causa disso? Teria que lhe dar três meses de indemnização. Ainda por cima, seria bem capaz de me rogar uma praga. Até na casa de banho: e assim e assado, e frito e cozido. Enfiei-lhe a toalha na boca para que se calasse. Não morreu por causa disso, mas por já não poder falar: as palavras rebentaram-na toda por dentro."

«Convidou-me para dançar sete vezes de seguida. E não valia a pena estar com manhas: os meus pais não tiravam os olhos de mim. O imbecil não tinha a menor noção de ritmo. E suava das mãos. E eu tinha um alfinete, comprido, comprido.

"FICHA 342

NOME DO DOENTE: Agrasot, Luisa.
IDADE: 24 anos.
NATURALIDADE: Veracruz, Ver.
DIAGNÓSTICO: Erupção cutânea, provavelmente de origem polibacilar.
TRATAMENTO: 2.000.000 unidades de penicilina.
RESULTADO: Nulo.
OBSERVAÇÕES: Caso único. Recalcitrante. Sem precedentes.
A partir do décimo quinto dia senti-me vencido. O diagnóstico era perfeitamente claro. Impossível ter a menor dúvida. Perante o fracasso da penicilina, tentei em vão toda a espécie de medicamentos, não sabia o que fazer. Dei voltas ao miolo dia e noite, durante semanas e semanas, até que lhe administrei uma dose de cianeto de potássio. A paciência – mesmo com os pacientes – tem limites.»

"Sou um bom barbeiro! Nunca cortei ninguém e ainda por cima esse tipo não tinha uma barba muito espessa. Mas tinha borbulhas.
Devo reconhecer que nas suas borbulhas não havia nada de especial, no entanto, incomodavam-me, enervavam-me, revolviam-me as tripas.
A primeira contornei-a bem, sem grande dificuldade, mas a segunda começou a sangrar.
Então, não sei o que me deu, acho que é uma coisa muito natural, aprofundei a ferida e depois, sem poder deixar de o fazer, com um só golpe, cortei-lhe a cabeça."

"Matei-a porque me doía o estômago"

"Pareciamos sardinhas enlatadas e aquele homem era um porco.
Cheirava mal. Tudo nele cheirava mal, mas sobretudo os pés.
Asseguro-lhe que era insuportável.
Ainda por cima, o colarinho da camisa estava negro e a nuca, imunda.
E olhava para mim. Uma coisa repugnante.
Tive de mudar de lugar. Pois bem, acreditem ou não, o tipo seguiu-me.
Era o fedor do Diabo e parecia-me ver saírem bichos da sua boca.
Talvez o tenha empurrado com demasiada força.
Mas não me digam que foi por minha causa que as rodas do camião lhe passaram por cima."